Introdução
A fosfatidilserina (PS) tem ganhado destaque na literatura científica por suas propriedades neuroprotetoras e seu potencial em melhorar a performance física e a resposta ao estresse. Neste post, reunimos resumos de artigos científicos que exploram os efeitos da PS em diferentes contextos clínicos e esportivos, incluindo cognição, desempenho atlético e recuperação muscular. Os estudos foram sintetizados de forma objetiva e mantêm todas as referências originais, oferecendo subsídios relevantes para nutricionistas e profissionais da saúde interessados em aplicar esse nutriente na prática clínica.
Resumo Científico
A fosfatidilserina é um fosfolipídio essencial, naturalmente presente nas membranas celulares, principalmente no cérebro. Estudos demonstram que a suplementação com PS pode melhorar a memória, cognição, humor e capacidade de realizar tarefas em idosos, além de reduzir os impactos do estresse físico e mental em atletas. Seus efeitos neuroprotetores são potencializados quando combinada com DHA, favorecendo a plasticidade sináptica e a sinalização neuronal.
No esporte, a PS tem mostrado benefícios ergogênicos: melhora a resistência em exercícios exaustivos, reduz níveis de cortisol e marcadores de dano muscular, acelera a recuperação e favorece o bem-estar geral. Revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados reforçam a eficácia da PS em populações ativas, embora mais estudos sejam necessários para padronização de doses e protocolos de uso. Sua aplicação se estende ainda ao suporte nutricional de distúrbios cognitivos leves e à modulação do eixo HPA em situações de estresse.
Principais Benefícios da Fosfatidilserina (PS)
✅ Melhoria da função cognitiva
✅ Redução do estresse físico e mental
✅ Aumento da capacidade de exercício
✅ Melhora da recuperação muscular
✅ Atenuação da resposta ao cortisol
✅ Efeitos neuroprotetores quando combinada ao DHA
Considerações Finais
A fosfatidilserina é uma ferramenta promissora no cuidado nutricional, tanto em contextos de performance física quanto de saúde cerebral. Seu uso seguro e seus mecanismos de ação vêm sendo cada vez mais explorados na literatura científica. A Terramazonia acredita no poder da ciência aliada à natureza, e aposta na PS como um ativo natural de alta relevância clínica.
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ESTUDOS CIENTÍFICOS
O estudo intitulado "Efeitos da Fosfatidilserina na Capacidade de Exercício durante o Ciclismo em Homens Ativos", publicado na revista Medicine & Science in Sports & Exercise, investigou os efeitos da suplementação de fosfatidilserina (PS) derivada da soja na capacidade de exercício, resposta cinética de captação de oxigênio, função neuroendócrina e estados emocionais durante o exercício intermitente exaustivo. O estudo foi conduzido por Michael I. Kingsley e colegas da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
Objetivo do Estudo
O principal objetivo foi avaliar se a suplementação diária de 750 mg de fosfatidilserina (PS) derivada da soja, administrada por 10 dias, melhoraria a capacidade de exercício, a resposta cinética de oxigênio, a função neuroendócrina e os estados emocionais durante o exercício intermitente exaustivo.
Métodos
Participantes: Catorze homens ativos e saudáveis participaram do estudo. Eles foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu suplementação de PS (750 mg/dia) e o outro recebeu um placebo (P), em um estudo duplo-cego.
Protocolo de Exercício: Os participantes realizaram um protocolo de exercício intermitente em cicloergômetro, consistindo em três estágios de 10 minutos a 45%, 55% e 65% do VO2max, seguidos por um estágio final a 85% do VO2max até a exaustão. O protocolo foi realizado duas vezes (T1 e T2), com um intervalo de 16 dias entre os testes. A suplementação começou aproximadamente 5 dias após o primeiro teste (T1).
Medidas: Durante o exercício, foram coletados dados respiratórios (captação de oxigênio, produção de dióxido de carbono), frequência cardíaca e amostras de sangue em diferentes momentos (repouso, após cada estágio de exercício, 20 minutos após o exercício e 24 horas após o exercício). Além disso, os participantes preencheram um inventário de estados emocionais induzidos pelo exercício (EFI).
Resultados
Capacidade de Exercício: A suplementação com PS aumentou significativamente o tempo de exaustão no estágio de 85% do VO2max (de 7:51 ± 1:36 para 9:51 ± 1:42 minutos, P = 0,001), enquanto o grupo placebo não apresentou mudanças significativas (8:09 ± 0:54 para 8:02 ± 0:54 minutos, P = 0,670).
Resposta Cinética de Oxigênio: A suplementação não afetou significativamente os tempos médios de resposta cinética de oxigênio (MRTon e MRToff) durante os estágios de exercício.
Função Neuroendócrina: A concentração de cortisol sérico aumentou significativamente após o exercício, mas a suplementação com PS não teve efeito significativo sobre os níveis de cortisol.
Estados Emocionais: Os estados emocionais (revitalização, engajamento positivo, tranquilidade e exaustão física) mudaram durante o exercício, mas a suplementação não teve efeito significativo sobre esses estados.
Oxidação de Substratos e Gasto Energético: A suplementação não afetou as taxas de oxidação de carboidratos, gorduras ou o gasto energético total durante o exercício.
Conclusão
O estudo concluiu que a suplementação com 750 mg/dia de PS derivada da soja por 10 dias melhorou significativamente a capacidade de exercício em homens ativos durante o ciclismo intermitente exaustivo. No entanto, a suplementação não afetou a resposta cinética de oxigênio, a função neuroendócrina ou os estados emocionais. Esses resultados sugerem que a PS pode ter propriedades ergogênicas, potencialmente úteis para atletas e indivíduos ativos.
Mecanismos Propostos
Os autores sugerem que a melhora na capacidade de exercício pode estar relacionada à manutenção da homeostase iônica durante o exercício, possivelmente através da ativação de enzimas dependentes de PS, como a ATPase. Além disso, a PS pode melhorar a função cardíaca e muscular, contribuindo para o atraso na fadiga.
Limitações
O estudo não investigou os mecanismos moleculares exatos pelos quais a PS pode melhorar a capacidade de exercício. Além disso, a amostra foi composta apenas por homens ativos, o que limita a generalização dos resultados para outros grupos populacionais.
Palavras-chave
Fosfatidilserina, suplementação, ajuda ergogênica, endurance, humanos.
Este estudo é um dos primeiros a demonstrar que a suplementação com PS pode melhorar a capacidade de exercício, abrindo caminho para pesquisas futuras sobre os mecanismos subjacentes e a aplicação prática em atletas e indivíduos ativos.
Referência:
KINGSLEY, Michael I. et al, Effects of phosphatidylserine on exercise capacity during cycling in active males, Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 38, n. 1, p. 64–71, 2006.
O artigo intitulado "Phosphatidylserine: An overview on functionality, processing techniques, patents, and prospects", publicado na revista Grain & Oil Science and Technology, oferece uma revisão abrangente sobre a fosfatidilserina (PS), abordando suas funções, técnicas de processamento, patentes e perspectivas futuras. O estudo foi conduzido por Jingnan Chen e colegas da Universidade de Tecnologia de Henan, na China.
Introdução
A fosfatidilserina (PS) é um fosfolipídio essencial presente nas membranas celulares de mamíferos, com funções importantes no cérebro, como a regulação do apoptose (morte celular) e da sinalização celular. Com o aumento da expectativa de vida global, doenças neurodegenerativas relacionadas ao envelhecimento, como Alzheimer e demência, tornaram-se um problema de saúde pública. A PS, juntamente com o ácido docosahexaenoico (DHA), tem sido estudada por seu potencial em melhorar a função cerebral e combater o declínio cognitivo.
Ocorrência e Fontes Naturais de PS
A PS é encontrada naturalmente em animais, plantas e microrganismos. As fontes mais comuns incluem o cérebro bovino (BC-PS), a soja (S-PS) e a gema de ovo (E-PS). No entanto, devido ao risco de doenças infecciosas associadas ao cérebro bovino, a PS derivada da soja tornou-se a fonte preferida para suplementos humanos. A PS também está presente em quantidades menores em óleos vegetais, como milho, amêndoa e girassol.
Funções Nutricionais da PS
A PS desempenha um papel crucial na função cerebral, incluindo a melhoria da memória, cognição e redução dos sintomas de doenças como Alzheimer e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Além disso, a PS tem sido associada à melhoria do desempenho físico, redução da fadiga muscular e atenuação da resposta ao estresse mental e físico.
Efeitos no Cérebro Humano
A PS é um componente estrutural das membranas celulares do cérebro, representando até 15% do pool total de fosfolipídios. Estudos clínicos demonstraram que a suplementação com PS pode melhorar a memória, o processamento de informações e a capacidade de realizar atividades diárias em idosos com comprometimento cognitivo. Além disso, a PS enriquecida com DHA tem mostrado efeitos neuroprotetores, ajudando a prevenir o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.
Efeitos no Desempenho Físico
A suplementação com PS tem sido estudada por seu potencial em melhorar o desempenho físico, reduzir a fadiga muscular e acelerar a recuperação após exercícios intensos. Estudos mostram que a PS pode atenuar a resposta ao cortisol, um hormônio do estresse, e melhorar o bem-estar geral em atletas e indivíduos ativos.
Combinação com Outros Ingredientes Ativos
A PS tem sido combinada com outros ingredientes, como ácido fosfatídico (PA), cafeína e extratos de plantas, para potencializar seus efeitos. Por exemplo, a combinação de PS com DHA tem mostrado resultados promissores na melhoria da função cognitiva e na proteção contra doenças neurodegenerativas.
Técnicas de Processamento da PS
A PS pode ser extraída de tecidos animais ou sintetizada enzimaticamente a partir de fosfatidilcolina (PC) usando a enzima fosfolipase D (PLD). A extração tradicional envolve o uso de solventes orgânicos, como clorofórmio e metanol, mas métodos enzimáticos têm ganhado popularidade devido à sua eficiência e sustentabilidade.
Extração de PS de Tecidos Animais
A extração de PS de tecidos animais, como cérebro bovino, envolve a separação de fosfolipídios brutos e posterior purificação. No entanto, esse método enfrenta desafios devido ao alto consumo de solventes e preocupações com a segurança.
Síntese Enzimática de PS
A síntese enzimática de PS usando PLD é uma alternativa mais sustentável e eficiente. A PLD catalisa a reação de transesterificação entre a PC e a L-serina, produzindo PS. Diferentes sistemas de reação, como sistemas monofásicos, bifásicos e com solventes ecológicos, têm sido explorados para maximizar a produção de PS e minimizar a formação de subprodutos.
Avaliação de Patentes
O estudo analisou tendências de patentes relacionadas à PS, mostrando um aumento constante no número de aplicações desde 2004. Os Estados Unidos e a China são os principais países em termos de inovação tecnológica, com foco em aplicações médicas e farmacêuticas. A análise do ciclo de vida tecnológico sugere que a tecnologia relacionada à PS ainda está em fase de crescimento, com potencial para expansão futura.
Perspectivas Futuras
A PS tem um grande potencial como suplemento nutricional, especialmente para a saúde cerebral e o desempenho físico. No entanto, mais pesquisas são necessárias para elucidar os mecanismos moleculares subjacentes aos seus efeitos, bem como para explorar sinergias com outros nutrientes. Além disso, o desenvolvimento de técnicas de produção mais eficientes e sustentáveis, como a síntese enzimática, continuará a impulsionar a indústria de PS.
Conclusão
A PS é um componente essencial para a saúde cerebral e tem mostrado benefícios significativos na melhoria da memória, cognição e desempenho físico. Com o avanço das técnicas de produção e o aumento do interesse em patentes, a PS tem um futuro promissor como suplemento nutricional e terapêutico. A combinação de PS com outros ingredientes ativos, como DHA, abre novas possibilidades para o tratamento de doenças neurodegenerativas e a promoção da saúde geral.
Palavras-chave
Fosfatidilserina, função cerebral, síntese enzimática, patentes, suplementos nutricionais.
Referência:
CHEN, J. et al. Phosphatidylserine: An overview on functionality, processing techniques, patents, and prospects. Grain & oil science and technology, v. 6, n. 4, p. 206–218, 1 dez. 2023.
O artigo intitulado "Phospholipids and sports performance", publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition, revisa o papel dos fosfolipídios, especificamente a fosfatidilcolina (PC) e a fosfatidilserina (PS), no desempenho esportivo. O estudo foi conduzido por Ralf Jäger, Martin Purpura e Michael Kingsley, e aborda como a suplementação com esses fosfolipídios pode afetar o desempenho físico, a recuperação e a resposta ao estresse em atletas.
Introdução
Os fosfolipídios são componentes essenciais das membranas celulares, desempenhando funções estruturais e dinâmicas nas células. A fosfatidilcolina (PC) e a fosfatidilserina (PS) são dois tipos de fosfolipídios que têm sido estudados por seu potencial em melhorar o desempenho esportivo. A PC é crucial para a integridade das membranas celulares e para a síntese de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a contração muscular. A PS, por outro lado, está concentrada no cérebro e tem sido associada à melhoria da função cognitiva e à redução do estresse físico e mental.
Fosfatidilcolina (PC) e Desempenho Esportivo
A PC é uma fonte de colina, um precursor da acetilcolina, que é essencial para a transmissão de sinais nervosos que controlam a contração muscular. Durante exercícios intensos e prolongados, os níveis de colina no sangue podem diminuir, o que pode afetar negativamente o desempenho. Estudos mostram que a suplementação com PC pode prevenir a queda dos níveis de colina durante o exercício, melhorando assim o desempenho em atividades como ciclismo e corrida de longa distância.
Estudos com PC
Ciclismo: Em estudos com triatletas, a suplementação com PC (0,2 g por kg de peso corporal) antes do exercício manteve os níveis de colina no sangue e melhorou a recuperação, reduzindo a frequência cardíaca e os níveis de ácido lático após o exercício.
Corrida de Longa Distância: Em corredores, a suplementação com PC aumentou os níveis de colina no sangue e reduziu o tempo de recuperação, embora nem todos os estudos tenham mostrado melhoria no desempenho.
Fosfatidilserina (PS) e Recuperação Pós-Exercício
A PS tem sido estudada por sua capacidade de atenuar a resposta ao estresse físico e mental, reduzindo os níveis de cortisol (um hormônio do estresse) e melhorando a recuperação após exercícios intensos. A suplementação com PS derivada da soja (S-PS) tem mostrado benefícios em atletas de ciclismo, levantamento de peso e corrida.
Estudos com PS
Ciclismo: A suplementação com PS reduziu significativamente os níveis de cortisol e ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) após exercícios intensos, sugerindo uma menor resposta ao estresse.
Levantamento de Peso: Atletas que suplementaram com PS relataram menos dor muscular e melhor percepção de bem-estar durante treinos intensos.
Corrida: A suplementação com PS reduziu os níveis de creatina quinase (CK), um marcador de dano muscular, após corridas de longa distância, indicando menor dano muscular e melhor recuperação.
PS e Estresse Mental
A PS também tem sido estudada por seus efeitos no estresse mental. Em estudos com estudantes universitários, a suplementação com PS melhorou a clareza mental, a energia e o bem-estar durante tarefas estressantes. Além disso, a PS tem sido associada à melhoria da memória e da função cognitiva em idosos.
Conclusão
A suplementação com PC e PS pode ser benéfica para atletas, especialmente em atividades de longa duração e alta intensidade. A PC ajuda a manter os níveis de colina durante o exercício, melhorando o desempenho e a recuperação. Já a PS atenua a resposta ao estresse físico e mental, reduzindo os níveis de cortisol e melhorando a recuperação muscular e o bem-estar geral.
Dosagens Recomendadas
PC: 0,2 g por kg de peso corporal, administrada até uma hora antes do exercício.
PS: 300 a 800 mg por dia, por períodos curtos (10 a 15 dias) para melhorar a recuperação e o desempenho. Para o estresse mental, 300 mg por dia durante 30 dias.
Considerações Finais
Apesar dos benefícios demonstrados, mais pesquisas são necessárias para determinar as dosagens ideais e os efeitos a longo prazo da suplementação com PC e PS. Além disso, a dieta moderna tende a ser pobre em fosfolipídios, o que pode aumentar a necessidade de suplementação para atletas que buscam otimizar seu desempenho e recuperação.
Palavras-chave
Fosfatidilcolina, fosfatidilserina, desempenho esportivo, recuperação muscular, estresse físico e mental.
Referência:
JÄGER, R.; PURPURA, M.; KINGSLEY, M. Phospholipids and sports performance. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 4, n. 1, 25 jul. 2007.
O artigo intitulado "The effect of phosphatidylserine supplementation on athletic performance: A systematic review of randomized clinical trials", publicado no Journal of Sports Science and Nutrition, revisa os efeitos da suplementação com fosfatidilserina (PS) no desempenho atlético. Abaixo está um resumo detalhado do conteúdo:
1. Introdução
A fosfatidilserina (PS) é um fosfolipídio naturalmente presente nas membranas celulares, desempenhando um papel crucial em processos fisiológicos, como sinalização celular, reconhecimento celular e estabilidade da membrana. A PS tem sido associada a benefícios cognitivos e à modulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que regula a resposta ao estresse e a liberação de cortisol. Esses efeitos têm implicações para o desempenho atlético, especialmente em áreas como recuperação, capacidade de exercício e função cognitiva.
2. Métodos
2.1 Estratégia de busca
Uma busca abrangente foi realizada em junho de 2023 em várias bases de dados, incluindo PubMed, ClinicalTrials.gov, Google Scholar, Embase, Web of Science, CINAHL e Medline. Os termos de busca incluíram "phosphatidylserine", "randomized" e "performance", com exclusão de estudos envolvendo ratos ou camundongos. Além disso, foram incluídos apenas artigos que mencionavam "sport" ou "athletic" no texto.
2.2 Critérios de inclusão
Foram incluídos ensaios clínicos randomizados que avaliaram a eficácia da suplementação com PS no desempenho atlético, comparando-a com um grupo controle (placebo, controle ativo ou sem tratamento). Após a remoção de duplicatas, os títulos e resumos dos estudos foram revisados, e os estudos que atenderam aos critérios de inclusão foram analisados em detalhes.
2.3 Análise de dados
Os dados foram extraídos e organizados usando o software EndNote 20. Cada estudo foi avaliado quanto ao risco de viés utilizando a ferramenta Cochrane para ensaios randomizados.
3. Resultados
A busca inicial identificou 538 artigos, dos quais 7 estudos atenderam aos critérios de inclusão e foram incluídos na revisão. Esses estudos foram publicados entre 1990 e 2011 e envolveram um total de 94 participantes, com idades variando de 20 a 55 anos. Os estudos foram realizados em países como Alemanha, Reino Unido, Itália e Estados Unidos.
3.1 Composição sanguínea
Quatro estudos avaliaram o efeito da PS na composição sanguínea, incluindo glicose, volume plasmático, mioglobina sérica e atividade da creatina quinase. Nenhum desses estudos encontrou diferenças significativas entre os grupos de tratamento e controle.
3.2 Hormônios
Seis estudos avaliaram o impacto da PS nos níveis hormonais, com foco no cortisol. Dois estudos relataram reduções significativas nos níveis de cortisol em resposta ao estresse físico, enquanto um estudo observou um aumento na relação testosterona/cortisol.
3.3 Humor/função cognitiva
Dois estudos examinaram os efeitos da PS na função cognitiva e no humor. Um estudo encontrou uma melhora significativa na função cognitiva antes do exercício, enquanto outro não encontrou mudanças significativas no estresse percebido.
3.4 Desempenho esportivo direto
Quatro estudos avaliaram o impacto da PS no desempenho em atividades esportivas, como golfe e corrida. Dois estudos relataram melhorias significativas no desempenho, como precisão no golfe e aumento da capacidade de exercício. Um estudo encontrou um aumento não significativo no tempo de exaustão durante a corrida.
3.5 Eventos adversos
Nenhum dos estudos relatou eventos adversos ou desistências.
4. Discussão
A revisão identificou sete ensaios clínicos randomizados que avaliaram os efeitos da PS no desempenho atlético. Cinco desses estudos relataram benefícios significativos, incluindo redução nos níveis de cortisol, aumento da capacidade de exercício e melhora na função cognitiva. No entanto, os resultados não foram consistentes em todos os estudos, e mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados.
5. Conclusão
A suplementação com fosfatidilserina pode ter um impacto positivo no desempenho atlético, especialmente em áreas como função cognitiva e resposta endócrina. No entanto, a evidência atual ainda é insuficiente para recomendar o uso generalizado de PS como suplemento para atletas. Estudos adicionais, com maior padronização e controle de qualidade, são necessários para confirmar esses benefícios.
6. Limitações
Viés de publicação: A revisão incluiu apenas estudos publicados em revistas científicas, o que pode levar a um viés de publicação.
Falta de padronização: Os estudos incluídos utilizaram diferentes fontes e métodos de administração de PS, o que pode ter influenciado os resultados.
Referência:
WELCH, J.; BASHIR, H.; DANIELS, S. The effect of phosphatidylserine supplementation on athletic performance: A systematic review of randomized clinical trials. Journal of sports science and nutrition, v. 4, n. 2, p. 170–175, 1 jul. 2023.
O artigo "Phosphatidylserine in the Brain: Metabolism and Function" revisa o papel do fosfatidilserina (PS) no cérebro, abordando seu metabolismo, funções e implicações na sinalização neuronal, sobrevivência celular e cognição. Abaixo está um resumo detalhado do conteúdo:
1. Introdução
O fosfatidilserina (PS) é um fosfolipídio aniónico predominante no folheto interno da membrana plasmática de tecidos neurais. Ele desempenha um papel crucial na ativação de vias de sinalização como Akt, Raf-1 e proteína quinase C (PKC), que são essenciais para a sobrevivência e diferenciação neuronal. Além disso, o PS modula a liberação de neurotransmissores e a função de receptores sinápticos. O cérebro é particularmente rico em ácido docosahexaenóico (DHA), um ácido graxo poli-insaturado que promove a síntese de PS e influencia a sinalização dependente desse fosfolipídio. O consumo de etanol, por outro lado, reduz a síntese de PS induzida pelo DHA, o que pode contribuir para seus efeitos deletérios no cérebro.
2. Síntese de Fosfatidilserina no Cérebro
O PS é sintetizado a partir de fosfatidilcolina (PC) ou fosfatidiletanolamina (PE) por meio de reações de troca de grupos de cabeça catalisadas pelas enzimas fosfatidilserina sintase 1 (PSS1) e fosfatidilserina sintase 2 (PSS2), localizadas no retículo endoplasmático. O cérebro, juntamente com testículos e rins, tem uma alta capacidade de síntese de PS. A síntese de PS é dependente de cálcio e é aumentada por compostos que liberam cálcio intracelular.
PSS1: Utiliza PC como substrato e é altamente expressa no cérebro em desenvolvimento. A espécie molecular 18:0,22:6-PC é o substrato preferido para a síntese de PS no cérebro.
PSS2: Utiliza PE como substrato e é altamente expressa em testículos, cérebro e rins. Prefere PE contendo DHA na posição sn-2.
A deleção dos genes Pss1 e Pss2 em camundongos resulta em letalidade embrionária, indicando que a síntese de PS é essencial para o desenvolvimento.
3. Composição do Fosfatidilserina no Cérebro
O PS representa 13-15% dos fosfolipídios no córtex cerebral humano. A composição de ácidos graxos do PS no cérebro é rica em DHA, especialmente na matéria cinzenta. A espécie molecular 18:0,22:6-PS é a mais abundante no cérebro, enquanto 16:0,22:6-PS é mais comum no bulbo olfatório.
4. Fontes de Serina para o Cérebro
A serina, necessária para a síntese de PS, pode ser obtida a partir da circulação cerebral ou sintetizada a partir da glicose nos astrócitos. Neurônios não podem sintetizar serina e dependem da captação desse aminoácido do meio extracelular.
Proteínas de serina: Interagem com as enzimas que sintetizam PS e esfingolipídios.
D-serina: Um enantiômero da serina, sintetizado por astrócitos, atua como coagonista do receptor NMDA, importante para a plasticidade sináptica e memória.
5. Transporte Intracelular de Fosfatidilserina
Após a síntese no retículo endoplasmático, o PS é transportado para a mitocôndria ou para o complexo de Golgi, de onde é enviado para a membrana plasmática. O PS é mantido no folheto citoplasmático da membrana por P4-ATPases, enzimas que transportam fosfolipídios de maneira dependente de ATP. A externalização do PS ocorre durante a apoptose ou ativação de plaquetas, servindo como sinal para fagocitose ou coagulação sanguínea.
6. Metabolismo do Fosfatidilserina
Além da síntese, o PS pode ser decarboxilado a PE pela enzima fosfatidilserina descarboxilase (PSD) ou hidrolisado a lisofosfatidilserina por fosfolipases. O PS também pode ser convertido em N-acilfosfatidilserina, um intermediário na síntese de moléculas de sinalização lipídica.
7. Fosfatidilserina na Sinalização Neuronal
O PS participa de vias de sinalização críticas para a sobrevivência e diferenciação neuronal, como as vias PI3K/Akt, Raf/Ras e PKC. A interação do PS com proteínas de sinalização ocorre por meio de domínios específicos, como os domínios C2 e PH, que se ligam a PS na membrana.
Akt: A ativação de Akt requer a translocação para a membrana plasmática, onde interage com PS e PIP3.
PKC: A ativação de PKC depende da ligação ao PS na membrana, que induz mudanças conformacionais necessárias para a fosforilação de substratos.
8. Interações entre Fosfatidilserina e Ácido Docosahexaenóico (DHA)
O DHA promove a síntese de PS no cérebro, aumentando a quantidade de PS nas membranas neuronais. Isso facilita a ativação de vias de sinalização como Akt e PKC, que promovem a sobrevivência e diferenciação neuronal. O etanol, por outro lado, inibe a síntese de PS induzida pelo DHA, o que pode contribuir para seus efeitos neurotóxicos.
9. Fosfatidilserina e Função Cognitiva
A suplementação com PS tem sido associada à melhoria da função cognitiva em modelos animais e humanos. Estudos mostram que o PS pode melhorar a memória e o aprendizado, possivelmente através de efeitos nas propriedades das membranas neuronais ou pela liberação de DHA durante a digestão.
10. Conclusão
O PS desempenha um papel fundamental no cérebro, facilitando a ativação de proteínas de sinalização e receptores essenciais para a sobrevivência, diferenciação e neurotransmissão neuronal. A síntese de PS é influenciada pelo status de DHA, e alterações na composição de PS podem afetar a sinalização celular e a função cerebral. Mais pesquisas são necessárias para entender completamente os mecanismos moleculares envolvidos na interação entre PS e proteínas, o que pode levar a novos alvos terapêuticos para distúrbios neurológicos.
Abreviações
Akt: Proteína quinase B
DHA: Ácido docosahexaenóico
PKC: Proteína quinase C
PS: Fosfatidilserina
PSS1/2: Fosfatidilserina sintase 1/2
PE: Fosfatidiletanolamina
PC: Fosfatidilcolina
O artigo cita diversos estudos que embasam as informações apresentadas, incluindo pesquisas sobre a síntese de PS, interações com DHA, e efeitos do PS na sinalização neuronal e cognição.
Referências
KIM, H.-Y.; HUANG, B. X.; SPECTOR, A. A. Phosphatidylserine in the brain: Metabolism and function. Progress in Lipid Research, v. 56, n. 0163-7827, p. 1–18, out. 2014.