A marapuama (Ptychopetalum olacoides) é uma planta amazônica reconhecida por seus usos tradicionais como estimulante, afrodisíaco e tônico cerebral. Com o crescimento do interesse por fitoterápicos neuroativos, diversos estudos vêm investigando seus efeitos no sistema nervoso central, sua composição fitoquímica e possíveis aplicações clínicas.
Neste post, reunimos os principais achados científicos sobre a marapuama, organizados em tópicos objetivos, com foco em aplicações práticas para profissionais da saúde e nutricionistas.
Efeitos Antioxidantes e Neuroprotetores
🧪 Estudo com camundongos envelhecidos demonstrou que o extrato etanólico de marapuama:
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Reduz a produção de radicais livres no cérebro
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Diminui a peroxidação lipídica e o dano oxidativo às proteínas
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Aumenta a atividade das enzimas antioxidantes (CAT e GPx) em regiões como córtex, cerebelo e hipocampo
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Pode exercer efeito neuroprotetor em condições de estresse oxidativo
📌 Destaque: A catalase, geralmente baixa no cérebro, foi significativamente ativada pelo extrato.
Composição Fitoquímica Relevante
🧬 Compostos identificados nos extratos da marapuama:
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Xantinas: Cafeína, teobromina e adenina
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Esteroides: β-sitosterol, estigmasterol, lupeol
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Alcaloides: Magnoflorina e menisperina (principais constituintes)
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Flavonoides: Luteolina, metoxiluteolinas
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Ácidos fenólicos: Ácido cafeico, ferúlico, vanílico e siríngico
Esses compostos explicam parte de suas propriedades estimulantes, antioxidantes e neuromoduladoras.
Atividade Antimicrobiana e Antifúngica
🦠 Estudos revelaram que:
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O extrato não apresentou atividade antibacteriana relevante contra E. coli, S. aureus ou S. epidermidis
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Demonstrou atividade antifúngica significativa contra Colletotrichum acutatum e moderada contra Fusarium oxysporum
💡 Indicação de potencial para formulações antifúngicas naturais.
Potenciais Efeitos Ansiógenos
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Efeitos ansiógenos em doses elevadas, com redução do comportamento exploratório
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Sem comprometimento motor, sugerindo que os efeitos não são de origem sedativa
📌 Esse achado reforça a necessidade de estudos clínicos mais detalhados antes do uso em populações sensíveis.
Aplicações e Perspectivas Funcionais
🔬 Possíveis usos terapêuticos da marapuama:
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Apoio ao tratamento do envelhecimento cerebral e neurodegeneração
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Formulações antioxidantes para saúde cognitiva
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Suplementos estimulantes e adaptógenos naturais
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Produtos fitoterápicos com ação antifúngica
Considerações Finais
A marapuama se destaca como uma planta com ampla riqueza fitoquímica e potencial terapêutico relevante para a saúde cerebral, especialmente por sua ação antioxidante. Seu perfil bioativo reforça o valor dos recursos amazônicos como base para o desenvolvimento de novos fitoterápicos. Nutricionistas e profissionais da saúde podem encontrar na marapuama um aliado em estratégias de suporte cognitivo e funcional.
ESTUDOS CIENTÍFICOS
O estudo intitulado "Atividades antioxidantes de Ptychopetalum olacoides (muirapuama) no cérebro de camundongos", publicado na revista Phytomedicine, investigou os efeitos antioxidantes do extrato etanólico de Ptychopetalum olacoides (POEE) em diferentes regiões do cérebro de camundongos envelhecidos. A pesquisa foi conduzida por uma equipe de cientistas brasileiros, com o objetivo de verificar se o POEE, conhecido por suas propriedades medicinais na medicina tradicional amazônica, poderia melhorar a defesa antioxidante no cérebro e reduzir os danos causados pelo estresse oxidativo.
Introdução
O envelhecimento está associado ao acúmulo de danos causados por radicais livres, que são produzidos durante o metabolismo oxidativo. Esses radicais podem danificar lipídios, proteínas e DNA, levando a diversas patologias, incluindo doenças neurodegenerativas. O cérebro é particularmente vulnerável ao estresse oxidativo devido ao seu alto consumo de oxigênio e à presença de ácidos graxos poli-insaturados, que são suscetíveis à peroxidação lipídica.
Ptychopetalum olacoides, conhecido como muirapuama ou marapuama, é uma planta tradicionalmente usada na Amazônia para tratar condições relacionadas ao sistema nervoso central (SNC), como estresse e distúrbios de memória. Estudos anteriores mostraram que o POEE possui propriedades ansiolíticas, melhora a memória e inibe a acetilcolinesterase (AChE), sugerindo que seus efeitos terapêuticos podem estar relacionados à melhoria da função colinérgica e à atividade antioxidante.
Materiais e Métodos
Material vegetal: As raízes de Ptychopetalum olacoides foram coletadas no Pará, Brasil, e identificadas no herbário do Museu Goeldi.
Preparação do extrato etanólico: As raízes foram moídas e extraídas com etanol, resultando em um extrato bruto (POEE) que foi diluído em DMSO a 20% para os experimentos.
Animais e tratamento: Camundongos Swiss albinos machos, com 14 meses de idade, foram tratados com POEE (100 mg/kg de peso corporal) por via intraperitoneal. O cérebro foi dissecado 60 minutos após o tratamento, e diferentes regiões (hipocampo, córtex cerebral, estriado, hipotálamo e cerebelo) foram analisadas.
Avaliação do estresse oxidativo: Foram medidos os níveis de radicais livres, peroxidação lipídica (TBARS), conteúdo de carbonila (danos a proteínas) e atividades das enzimas antioxidantes (superóxido dismutase - SOD, catalase - CAT e glutationa peroxidase - GPx).
Resultados
O tratamento com POEE reduziu a produção de radicais livres no hipotálamo e diminuiu significativamente a peroxidação lipídica no córtex cerebral, estriado e hipotálamo. Além disso, o conteúdo de carbonila foi reduzido no cerebelo e no estriado, indicando menor dano oxidativo às proteínas. Em relação às enzimas antioxidantes, a atividade da catalase aumentou no córtex, estriado, cerebelo e hipocampo, enquanto a atividade da glutationa peroxidase aumentou apenas no hipocampo.
Discussão e Conclusões
Os resultados sugerem que o POEE contém compostos capazes de melhorar a eficácia da rede antioxidante celular no cérebro, reduzindo os danos causados pelo estresse oxidativo. A redução na peroxidação lipídica e no dano proteico, juntamente com o aumento na atividade de enzimas antioxidantes, indica que o POEE pode ter um papel neuroprotetor, especialmente em regiões cerebrais como o cerebelo, estriado e hipotálamo.
O estudo também destaca que os efeitos antioxidantes do POEE variam entre as diferentes regiões do cérebro, o que pode estar relacionado à distribuição específica dos compostos ativos e à organização regional das defesas antioxidantes. A capacidade do POEE de aumentar a atividade da catalase é particularmente relevante, já que essa enzima tem baixa atividade no cérebro e é crucial para a detoxificação do peróxido de hidrogênio.
Embora os compostos ativos responsáveis pelos efeitos antioxidantes do POEE ainda não tenham sido completamente identificados, estudos anteriores sugerem que β-sitosterol e lupcol, presentes na planta, possuem propriedades antioxidantes.
Conclusão Final
O estudo demonstra que o extrato etanólico de Ptychopetalum olacoides possui propriedades antioxidantes significativas no cérebro de camundongos envelhecidos, reduzindo a produção de radicais livres, a peroxidação lipídica e o dano oxidativo às proteínas. Esses efeitos podem estar relacionados às propriedades terapêuticas tradicionalmente atribuídas ao muirapuama, sugerindo seu potencial uso como agente neuroprotetor em condições associadas ao estresse oxidativo, como o envelhecimento e doenças neurodegenerativas.
Referência:
SIQUEIRA, I. R. et al. Antioxidant activities of Ptychopetalum olacoides (“muirapuama”) in mice brain. Phytomedicine, v. 14, n. 11, p. 763–769, nov. 2007.
O estudo intitulado "Estudo Fitoquímico e de Atividade Antimicrobiana de Ptychopetalum olacoides Bentham", publicado na revista Visão Acadêmica, teve como objetivo investigar a composição química e a atividade antimicrobiana da espécie Ptychopetalum olacoides, popularmente conhecida como marapuama ou muirapuama. A pesquisa foi conduzida por Montrucchio e Miguel, com foco na análise fitoquímica do lenho da planta e na avaliação de suas propriedades antimicrobianas.
Resumo do Estudo
Contexto e Objetivos
· Espécie estudada: Ptychopetalum olacoides Bentham, uma planta da família Olacaceae, nativa da região norte do Brasil.
· Uso tradicional: A marapuama é amplamente conhecida e utilizada por suas propriedades estimulantes e afrodisíacas, sendo exportada para diversos países.
· Objetivo do estudo: Realizar uma análise fitoquímica do lenho da planta (representado pelos galhos) e avaliar sua atividade antimicrobiana contra diferentes microrganismos.
Metodologia
· Análise fitoquímica: O estudo identificou a presença de diversos compostos químicos no lenho da planta, incluindo ácidos graxos, esteroides e xantinas.
· Atividade antimicrobiana: Foram testados extratos da planta contra cepas de Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Colletotrichum acutatum e Fusarium oxysporum.
Resultados
1. Composição química:
· Foram identificados os seguintes compostos majoritários:
· Ácidos graxos: Ácido palmítico e ácido esteárico.
· Esteroides: β-sitosterol, estigmasterol e lupeol.
· Xantinas: Cafeína, teobromina e adenina (sendo que essas três substâncias não haviam sido reportadas anteriormente na espécie).
· Outros compostos: Glutinol e α-aminina.
2. Atividade antimicrobiana:
· Bactérias: Os extratos da planta não apresentaram atividade inibitória contra Escherichia coli, Staphylococcus aureus ou Staphylococcus epidermidis.
· Fungos: O resíduo do extrato alcoólico mostrou uma ação inibitória significativa sobre o crescimento micelial de Colletotrichum acutatum e uma ação menos pronunciada sobre Fusarium oxysporum.
Conclusões
Composição química: O estudo revelou a presença de diversos compostos bioativos no lenho de Ptychopetalum olacoides, incluindo substâncias como cafeína, teobromina e adenina, que não haviam sido previamente identificadas na espécie.
Atividade antimicrobiana: Embora os extratos não tenham mostrado atividade contra as bactérias testadas, o resíduo alcoólico demonstrou potencial antifúngico, especialmente contra Colletotrichum acutatum.
Implicações
O estudo contribui para o conhecimento fitoquímico da marapuama, destacando a presença de compostos como cafeína e teobromina, que podem estar relacionados às suas propriedades estimulantes.
A atividade antifúngica observada sugere que a planta pode ter potencial para o desenvolvimento de agentes antifúngicos, especialmente no controle de fungos como Colletotrichum acutatum.
Considerações Finais
Este trabalho amplia o entendimento sobre a composição química e as propriedades biológicas de Ptychopetalum olacoides, reforçando seu potencial como fonte de compostos bioativos com aplicações medicinais e antifúngicas. A descoberta de novas substâncias, como cafeína e teobromina, na espécie abre caminho para futuras investigações sobre seus efeitos farmacológicos e possíveis aplicações terapêuticas.
Referência
MONTRUCCHIO, P. D.; MIGUEL, O. G. ESTUDO FITOQUÍMICO E DE ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE Ptychopetalum olacoides Bentham. Visão Acadêmica, v. 3, n. 2, 31 dez. 2002.
O artigo intitulado "Guaraná (Paullinia cupana Kunth), marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.), genciana (Gentiana lutea L.), quassia (Quassia amara L.) e suas propriedades: uma breve revisão" é uma revisão bibliográfica que aborda as propriedades terapêuticas e fotoquímicas de quatro espécies vegetais amplamente utilizadas na região amazônica: guaraná, marapuama, genciana e quassia. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará e publicado em 2022.
Resumo do Estudo
Contexto e Objetivos
Objetivo: Realizar uma revisão das propriedades terapêuticas e fitoquímicas de quatro espécies vegetais (guaraná, marapuama, genciana e quassia), destacando seu uso tradicional e potencial fitoterápico.
Justificativa: A diversidade florística brasileira, especialmente na Amazônia, oferece um vasto potencial para o desenvolvimento de fitoterápicos, com base no conhecimento tradicional das comunidades locais.
Metodologia
Tipo de estudo: Revisão bibliográfica.
Fontes: Artigos científicos, livros, documentos governamentais e bases de dados como Google Scholar, LILACS e SciELO.
Período: Artigos publicados entre 2002 e 2018.
Critérios de seleção: Foram incluídos artigos que abordavam as propriedades biológicas e terapêuticas das espécies, excluindo trabalhos incompletos ou sem informações sobre autoria.
Resultados e Discussão
1. Guaraná (Paullinia cupana Kunth)
· Origem e uso tradicional: O guaraná é uma planta nativa da Amazônia, amplamente utilizada como estimulante e tônico. É conhecido por suas propriedades energéticas e afrodisíacas.
· Composição fitoquímica: Rico em cafeína, taninos, catequinas e outros compostos fenólicos com atividade antioxidante.
· Propriedades terapêuticas:
o Estimulante do sistema nervoso central.
o Antioxidante, antiplaquetário e cardioprotetor.
o Efeitos antidepressivos e ansiolíticos.
o Potencial anticancerígeno e quimioprofilático.
2. Marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.)
· Origem e uso tradicional: Conhecida como "muirapuama", é utilizada como afrodisíaco, tônico neuromuscular e no tratamento de doenças do sistema nervoso central.
· Composição fitoquímica: Contém ácidos graxos, esteroides (como β-sitosterol e estigmasterol), lupcol, cafeína, teobromina e adenina.
· Propriedades terapêuticas:
o Afrodisíaco e estimulante sexual.
o Neuroprotetor, com efeitos antioxidantes no cérebro.
o Melhora a memória e reduz os danos causados pelo estresse oxidativo.
3. Genciana (Gentiana lutea L.)
· Origem e uso tradicional: Planta herbácea utilizada como tônico digestivo, estimulante do apetite e no tratamento de distúrbios gastrointestinais.
· Composição fitoquímica: Rico em iridoides amargos (gentiopicrosídeo, amarogentina), xantonas e triterpenos.
· Propriedades terapêuticas:
o Estimulante das secreções gástricas e biliares.
o Anti-inflamatório, antioxidante e imunomodulador.
o Usada no tratamento de dispepsia, anemia e malária.
4. Quassia (Quassia amara L.)
· Origem e uso tradicional: Conhecida como "pau-amargo", é utilizada como antimalárico, antimicrobiano e no tratamento de distúrbios gastrointestinais.
· Composição fitoquímica: Contém quassinoides, alcaloides (como a cantina-6) e esteroides.
· Propriedades terapêuticas:
o Antimalárico e antimicrobiano.
o Anti-inflamatório e analgésico.
o Repelente e inseticida natural.
Considerações Finais
· Potencial fitoterápico: As quatro espécies revisadas apresentam um grande potencial para o desenvolvimento de fitoterápicos, com base em suas propriedades terapêuticas e fitoquímicas.
· Necessidade de mais pesquisas: Embora o conhecimento tradicional e estudos preliminares sugiram benefícios significativos, são necessários mais estudos clínicos para comprovar a eficácia e segurança dessas plantas no tratamento de diversas condições de saúde.
· Relevância para a saúde pública: O uso dessas plantas pode ser uma alternativa viável e acessível para o tratamento de doenças, especialmente em comunidades onde o acesso a medicamentos convencionais é limitado.
Conclusão
O estudo reforça a importância da biodiversidade amazônica como fonte de recursos naturais com potencial terapêutico. As espécies revisadas (guaraná, marapuama, genciana e quassia) demonstram propriedades promissoras, mas ainda há necessidade de mais pesquisas para validar seu uso clínico e garantir sua segurança. A revisão também destaca a importância de integrar o conhecimento tradicional com a pesquisa científica para o desenvolvimento de novos fitoterápicos.
Referências
FERREIRA, F. A. M. et al. Guaraná (Paullinia cupana Kunth), marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.), genciana (Gentiana lutea L.), quassia (Quassia amara L.) e suas propriedades: uma breve revisão. Research, Society and Development, v. 11, n. 2, p. e21711224592, 23 jan. 2022.
O artigo "Componentes Químicos e Atividade Antimicrobiana de Ptychopetalum olacoides Bentham" apresenta um estudo fitoquímico e avaliação da atividade antimicrobiana da espécie Ptychopetalum olacoides, popularmente conhecida como marapuama ou muirapuama. A pesquisa foi conduzida por Montrucchio et al. e publicada na revista Visão Acadêmica em 2005.
Resumo do Estudo
Contexto e Objetivos
· Objetivo: Identificar os componentes químicos presentes na marapuama e avaliar sua atividade antimicrobiana contra bactérias e fungos.
· Justificativa: A marapuama é uma planta nativa da região norte do Brasil, tradicionalmente utilizada por suas propriedades estimulantes e afrodisíacas. O estudo busca compreender sua composição química e potencial terapêutico, especialmente no combate a microrganismos.
Metodologia
· Material vegetal: Galhos de P. olacoides foram coletados no estado do Pará, secos e moídos para extração.
· Extração: O material foi extraído com etanol, e o extrato foi fracionado com solventes de polaridade crescente (n-hexano, clorofórmio, acetato de etila e butanol).
· Isolamento e identificação: As frações foram purificadas e analisadas por técnicas como cromatografia gasosa (GC), espectrometria de massa (GC-MS), ressonância magnética nuclear (RMN) e HPLC.
· Atividade antimicrobiana: Os extratos foram testados contra bactérias (Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis) e fungos (Colletotrichum acutatum, Fusarium oxysporum) utilizando métodos de difusão em ágar.
Resultados e Discussão
Composição Química
· Ácidos graxos: Foram identificados ácido palmítico e ácido esteárico.
· Esteroides: Foram encontrados β-sitosterol, estigmasterol, lupcol, glutinol e α-amirina.
· Xantinas: Foram identificadas cafeína, teobromina e adenina, sendo que as três xantinas não haviam sido reportadas anteriormente na espécie.
Atividade Antimicrobiana
· Bactérias: Os extratos não apresentaram atividade significativa contra E. coli, S. aureus e S. epidermidis. Apenas a fração clorofórmica mostrou uma leve inibição (6-7 mm de halo de inibição), comparada ao controle positivo de cloranfenicol (25-28 mm).
· Fungos: O extrato alcoólico mostrou uma atividade antifúngica significativa contra Colletotrichum acutatum (60% de inibição) e uma ação menos pronunciada contra Fusarium oxysporum (38% de inibição).
Conclusão
· Composição química: O estudo identificou nove substâncias na marapuama, incluindo ácidos graxos, esteroides e xantinas. A cafeína foi identificada como o principal alcaloide, sugerindo que ela pode ser responsável pelas propriedades estimulantes da planta.
· Atividade antimicrobiana: Embora os extratos não tenham mostrado atividade antibacteriana significativa, o extrato alcoólico demonstrou potencial antifúngico, especialmente contra Colletotrichum acutatum.
Implicações
· O estudo contribui para o conhecimento fitoquímico da marapuama, destacando a presença de compostos como cafeína, teobromina e adenina, que podem estar relacionados às suas propriedades estimulantes.
· A atividade antifúngica observada sugere que a planta pode ter potencial para o desenvolvimento de agentes antifúngicos, especialmente no controle de fungos como Colletotrichum acutatum.
Considerações Finais
Este trabalho amplia o entendimento sobre a composição química e as propriedades biológicas de Ptychopetalum olacoides, reforçando seu potencial como fonte de compostos bioativos com aplicações medicinais e antifúngicas. A descoberta de novas substâncias, como cafeína e teobromina, na espécie abre caminho para futuras investigações sobre seus efeitos farmacológicos e possíveis aplicações terapêuticas.
Referência
MONTRUCCHIO, D. P. et al. Componentes químicos e atividade antimicrobiana de Ptychopetalum olacoides Bentham. Visão acadêmica, v. 6, n. 2, 31 dez. 2005.
O estudo intitulado "Análise de Antocianinas e Carotenoides em Marapuama (Ptychopetalum olacoides) Liofilizada" teve como objetivo determinar e otimizar a extração de antocianinas monoméricas totais e carotenoides totais presentes no liofilizado de marapuama, uma planta medicinal com propriedades antioxidantes, neuroprotetoras e notrópicas, nativa do norte do Brasil.
Introdução
A marapuama é uma planta utilizada tradicionalmente na Amazônia como estimulante sexual, antidepressiva e antirreumática. A liofilização, técnica de remoção de água por sublimação, foi utilizada para preservar os compostos bioativos da planta, como antocianinas e carotenoides, que possuem propriedades antioxidantes e estão associados à redução de doenças cardiovasculares, câncer e envelhecimento.
Metodologia
A extração de antocianinas foi otimizada utilizando um Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR), com variáveis independentes sendo a concentração de etanol (30 a 70 mL/100 mL) e o pH do solvente (1 a 6). A extração foi realizada com 1 g de marapuama liofilizada, utilizando 6 mL de solução hidroalcoólica acidificada, em ambiente escuro a 37°C por 2 horas. A quantificação das antocianinas foi feita pelo método de pH diferencial, utilizando espectrofotometria.
Para a extração de carotenoides, também foi aplicado um DCCR, com variáveis independentes sendo a concentração de acetona (46 a 84 mL/100 mL) e a temperatura de extração (23 a 37°C). A extração foi realizada por 14 horas em repouso, seguida de centrifugação. A quantificação dos carotenoides foi feita por espectrofotometria, utilizando equações específicas para calcular as concentrações de clorofila e carotenoides.
Resultados e Discussão
· Antocianinas: A maior concentração de antocianinas monoméricas totais obtida foi de 0,107 mg/100 g, com condições ótimas de extração sendo concentração de etanol entre 40 a 60 mL/100 mL e pH entre 2,25 e 4,5. Os termos quadráticos para concentração de etanol e pH foram significativos (p<0,05), indicando que essas variáveis influenciaram na extração.
· Carotenoides: A maior concentração de carotenoides totais obtida foi de 44,21 µg/mL. Nenhuma das variáveis (concentração de acetona e temperatura) foi estatisticamente significativa (p≤0,05), sugerindo que a extração pode ser feita em temperatura ambiente e com menor concentração de acetona, reduzindo custos.
Conclusão
O estudo demonstrou que a marapuama liofilizada contém quantidades relevantes de compostos antioxidantes, especialmente carotenoides. Para antocianinas, as condições ótimas de extração foram identificadas, enquanto para carotenoides, a extração pode ser realizada com menores níveis de solvente e temperatura, sem perda significativa de eficiência.
Referência
OLIVEIRA, A. C. F. de et al. Análise de antocianinas e carotenoides em marapuama (Ptychopetalum olacoides) liofilizada. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 33, p. 1200-1204, abr./maio 2019.
O artigo "Anxiogenic Properties of Ptychopetalum olacoides Benth. (Marapuama)" , publicado na revista Phytotherapy Research em 2002, foi escrito por AL da Silva, S. Bardini, DS Nunes e E. Elisabetsky . O estudo foi conduzido no Laboratório de Etnofarmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil, com colaboração da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Introdução
O estudo investiga as propriedades ansiógenas de Ptychopetalum olacoides Benth. (PO), conhecida como Marapuama ou Muirapuama, uma planta tradicionalmente utilizada na Amazônia brasileira como "tnervoso". A Marapuama foi incluída em formulações fitoterápicas e é considerada um estimulante capaz de melhorar o desempenho físico e mental.
Objetivo
O trabalho busca avaliar os efeitos do extrato etanólico de Ptychopetalum olacoides ( POEE ) em modelos de comportamento(POEE) em modelos comportamentais animais, especificamente no teste de exploração do hole-board e no teste de motor rotativo rotativo . A hipótesee no teste de coordenação motora rota-rodO principal . A hipótese principal é que o extrato pode ter um efeito ansiógeno, impactando o comportamento exploratório dos animais.
Materiais e Métodos
- Preparando o Extrato
- As raízes de Ptychopetalum olacoides foram coletadas no Pará, Brasil.
- O extrato etanólico foi obtido através da remoção de Soxhlet por 40 horas, resultando em um rendimento de 6%.
- Animais
- Foram utilizados camundongos machos adultos (CF1), desligados sob condições controladas de temperatura (22°C), ciclo claro-escuro de 12h e alimentação livre.
- Testes Comportamentais
- Teste hole-board : Avalia o comportamento exploratório através do número de mergulhos da cabeça em buracos distribuídos em uma plataforma.
- Teste rota-rod : Mede a progressão motora dos camundongos, verificando o tempo que permanece sobre uma barra giratória.
- Tratamentos
- Os animais receberam diferentes doses de POEE (30, 100 e 300 mg/kg), além de substâncias controladas como diazepam (0,5 mg/kg, ansiolítico) e pentilenotetrazol (40 mg/kg, ansiógeno), administradas por via intraperitoneal.
Resultados
- O POEE reduziu significativamente o número de investigações no hole-board , comportamento semelhante ao observado com o pentilenotetrazol, indicando um efeito ansiógeno.
- A latência para o primeiro mergulho de cabeça aumentou nas doses de 100 e 300 mg/kg, reforçando a hipótese de efeito ansiógeno.
- A redução da locomoção só foi significativa na dose de 300 mg/kg.
- O número de levantamentos ( criações ) diminuiu nas doses de 100 e 300 mg/kg.
- Não houve prejuízo na coordenação motora no teste rota-rod , porém os efeitos não são causados por sedação ou déficit motor.
- O diazepam aumentou o número de investigações no hole-board , conforme esperado para um ansiolítico.
Discussão
- Os resultados demonstram que o extrato de Ptychopetalum olacoides tem um perfil ansiógeno, ajustes de comportamentos exploratórios sem comprometer a locomoção ou o comprometimento motor.
- O efeito pode estar relacionado à modulação de neurotransmissores, como a catecolamina e a serotonina, mecanismos envolvidos em respostas de ansiedade.
- A ansiedade pode estar associada a estados de alerta e resistência física, o que pode explicar os usos tradicionais da planta como "tônico nervoso".
Conclusão
- O Ptychopetalum olacoides apresenta propriedades ee físico .apresenta propriedades ansiógenas, o que pode exigir sua aplicação tradicional como estimulante e potencializador do desempenho cognitivo e físico.
- Mais estudos são necessários para esclarecer os mecanismos envolvidos e avaliar a segurança do uso prolongado.
Referência
DA SILVA, A. L. et al. Anxiogenic properties of Ptychopetalum olacoides Benth. (Marapuama). Phytotherapy research, v. 16, n. 3, p. 223–226, 1 maio 2002.
O artigo "Análise Qualitativa e Quantitativa de Constituintes Químicos de Ptychopetalum olacoides Benth." foi publicado na revista Natural Product Research em 2018. Os autores do estudo são Xiao Tian, Sen Guo, Kan He, Marc Roller, Meiqi Yang, Qingchao Liu, Li Zhang, Chi-Tang Ho e Naisheng Bai , vinculados a instituições na China, Estados Unidos e França, incluindo a Northwest University , a Rutgers University e a empresa Naturex SA .
Introdução
O artigo “Análise Qualitativa e Quantitativa de Constituintes Químicos de Ptychopetalum olacoides Benth.” , publicado em 2018 na revista Natural Product Research , investiga a composição química da Ptychopetalum olacoides , conhecida como Marapuama. A Marapuama é uma planta nativa da Amazônia, tradicionalmente utilizada para tratar sintomas como fadiga, tremores, disfunção sexual e depressão. Seu extrato também é encontrado em bebidas e suplementos fitoterápicos para melhoria da cognição e resistência física. Apesar do uso popular e de algumas investigações farmacológicas anteriores, ainda havia pouca informação sobre sua composição química detalhada e a quantificação de seus constituintes bioativos.
Objetivo
O estudo teve como objetivo principal a identificação e quantificação dos compostos químicos presentes em Marapuama, contribuindo para a padronização e controle de qualidade dos extratos comercializados da planta.
Materiais e Métodos
- Coleta e Preparação do Extrato
- As cascatas secas de Ptychopetalum olacoides foram extraídas com etanol à temperatura ambiente.
- Uma fração solúvel em etanol passou por sucessivas separações cromatográficas para isolamento dos compostos bioativos.
- Identificação dos Compostos
- Foram utilizados métodos avançados de análise química, incluindo espectroscopia de ressonância magnética nuclear (1D e 2D NMR), espectroscopia de ultravioleta (UV), espectroscopia de infravermelho (IR) e espectrometria de massas de alta resolução (HR-ESI-MS).
- Análise Quantitativa
- Os compostos isolados foram quantificados por cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por arranjo de diodos (HPLC-DAD).
- As curvas de concentração foram estudadas quanto à linearidade, com coeficientes de especulação superiores a 0,9990, garantindo alta precisão nas precisão.
Resultados
- Foram identificados 14 compostos na casca da planta , incluindo alcaloides, flavonoides e ácidos fenólicos:
- Alcaloides: Magnoflorina (2) e menisperina (3) foram os compostos majoritários, representando 75,96% do total de substância criticadas perpendiculares.
- Flavonoides: Luteolina (6), 4'-metoxiluteolina (7), 3-metoxiluteolina (8) e 3,7-dimetoxiluteolina (9).
- Ácidos fenólicos: Ácido cafeico (10), ácido ferúlico (11), ácido vanílico (12) e ácido siríngico (13).
- Outros compostos: N-trans-feruloil-3,5-dihidroxiindolin-2-ona (1), 4-cumaroilserotonina (4), moschamina (5) e ginsenosídeo Re (14).
- Magnoflorina e menisperina foram os compostos mais abundantes, com concentrações médias de 2,56 mg/ge 9,22 mg/g , respectivamente.
- O conteúdo de ácidos fenólicos foi relativamente baixo, com um valor máximo de 1,04 mg/g para um único composto.
- Os resultados indicam que os alcaloides são os principais constituintes químicos de Marapuama, indicando que esses compostos podem ser responsáveis por suas propriedades farmacológicas.
Discussão
- A predominância de alcaloides em Marapuama é relevante para pesquisas futuras, pois essas substâncias são conhecidas por seus efeitos no sistema nervoso central.
- A magnoflorina apresentou propriedades farmacológicas interessantes, incluindo a capacidade de reduzir a pressão arterial e a atividade antifúngica, enquanto a menisperina foi identificada como um potencial inibidor do NF-kB, um fator de transcrição envolvido em inflamações.
- A baixa concentração de ácidos fenólicos sugere que esses compostos podem não ser os principais responsáveis pelos efeitos terapêuticos da planta.
- Esses dados são importantes para o controle de qualidade da Marapuama, permitindo a padronização de extratos e sua futura aplicação em produtos farmacêuticos e nutracêuticos.
Conclusão
- O estudo demonstrou que a casca de Ptychopetalum olacoides contém uma diversidade de compostos bioativos, com predominância de alcaloides.
- A quantificação precisa dos compostos majoritários permite um maior controle da qualidade dos extratos utilizados comercialmente.
- Esses achados obtidos para a validação científica do uso tradicional de Marapuama e abrem caminho para futuras investigações sobre seus efeitos farmacológicos e aplicações terapêuticas.
Referência
TIAN, X. et al. Qualitative and quantitative analysis of chemical constituents of Ptychopetalum olacoides Benth. Natural Product Research, v. 32, n. 3, p. 354–357, 27 jul. 2017.